Empreendedores mostraram seus talentos na Feira da Agrovila Rio Verde

Oportunidades aliadas ao talento transformando a vida da comunidade da Agrovila Rio Verde

A Feira do Empreendedorismo realizada no dia 8 de outubro, na Agrovila Rio Verde, foi uma exposição dos negócios desenvolvidos pelos moradores da comunidade que foram incluídos no sistema de ação integrada para o avanço econômico, turístico e social da região de Porto Velho. A maioria deles já possuíam o talento nato, mas não tinham a visão empreendedora.

O destaque da feira é que boa parte do material produzido vem de produtos reaproveitados, principalmente a madeira, muito utilizada nos trabalhos de artesanato e na construção de casas e na infraestrutura da agrovila. A comunidade consegue produzir sua riqueza e desenvolvimento com auto sustentabilidade.

Com os cursos oferecidos pelos membros do CONETUR, a tendência é agora se transformarem em microempresários individuais.

Esse é o caso da dona Maria Lúcia de Souza, da “Nossa Queijaria”. Moradora da Agrovila há quase 20 anos, ela é professora, mas sempre teve paixão pelo campo. Aprendeu a fazer queijo artesanal com o marido, adquiriu vacas – de onde tira o leite para fabricar o produto – e agora tem sonhos maiores: criar uma fabriqueta de queijos e diversificar sua produção.

“Foi através do curso que fiz aqui na Vila oferecido pelo Sebrae que tomei conhecimento de que poderia virar um microempreendedor individual. Aqui na região sou uma das únicas que fabrica queijo e é um mercado onde pretendo investir. Hoje minha produção chega a 40 quilos de queijo, mas dá para triplicá-la, pois há muita encomenda e pouca oferta”, disse Maria Lúcia.

Irmãs artesãs já venderam seus artesanatos para o exterior

As irmãs Valdinéia e Ivani Nogueira são outras duas moradoras da Agrovila Rio Verde que mostraram seus talentos na Feira do Empreendedor. As duas já tiveram seus artesanatos vendidos para o exterior.

Ivani é agente de secretaria na escola da Agrovila e já vendeu várias peças artesanais. Ela é proprietária da “Encantos Ateliê” e já teve suas peças negociadas com clientes nos EUA e na França. Foi ´descoberta´ pelos clientes através de sua conta no Instagram.

“Até me surpreendi quando fui contactada por uma mulher do exterior. Ela disse que gostou do meu trabalho e me pediu o zap, onde fechamos o acordo. Foi maravilhoso sabe que as pessoas valorizam o nosso trabalho”, disse a artesã.

 Ivani trabalha com peças infantis personalizadas, pintadas a mão, através de técnicas conhecidas como Estilo Country e Infanto Realista. Sua fabricação vai desde fraldas e panos de prato, até tiaras e amarradores de cabelo.  

A irmã de Ivani, Valdinéia, se diz uma “apaixonada pelo crochê” e proprietária do “Mimos da Neia”. Ela também já vendeu algumas de suas peças artesanais para os Estados Unidos. Seus produtos são fabricados através de técnicas em ´Amigurumi´ (junção das palavras japonesas “ami” (malha ou tricô) e “nuigurumi” (bichos de pelúcias), e Tricotin (feito com arame).

Sua meta agora é ampliar seus negócios através da criação de uma “lojinha virtual”. O Senac disponibilizou profissionais da informática para ajudar os empreendedores e moradores da Agrovila a criar e manusear rede social e Youtube, com cursos gratuitos.

Deodato, o pastor empreendedor da Agrovila

Deusdete Deodato Santana é pastor na Agrovila e, também, o mais novo empreendedor. Após receber treinamento em Cooperativismo e Associativismo, pela OCB ele agora pretende tem planos maiores: ser o comerciante da vila. Deodato é representante comercial nas horas vagas e proprietário da DS Trufas, um pequeno negócio onde ele revende trufas feitas de frutas e sabores regionais fabricadas no Estado do Acre.

É um dos moradores da Agrovila que mais acredita na transformação do Rio Verde na transformação do local em uma grande estância turística. “Estou me preparando para essa oportunidade. Aqui já é uma rota turística e com o aprimoramento da comunidade em torno desse projeto, esse pedaço logo será destino de turistas. Estarei com o meu comércio pronto para crescer junto com a Agrovila”, disse Deodato.

O pastor participou de quase todos os treinamentos realizados pelo Senac, Faperon, OCB, Sebrae na Agrovila, como os cursos de café regional, marcenaria e cooperativismo. Com o curso de marcenaria, por exemplo, ele foi um dos voluntários que ajudou na construção do playground da criança, em madeira, ao lado da escolinha comunitária Rio Verde. Sua primeira meta é aumentar para 3 mil/mensal a venda de unidades em trufa e construir um comércio para representar a marca de outros produtos na comunidade.

Valdenor, o carpinteiro da Agrovila: “Moro em um Paraíso”

Valdenor José Nogueira é um dos líderes comunitários da Agrovila Rio Verde e personagem marcante do cotidiano (e da construção) da vila. Ele é carpinteiro de profissão e foi um dos instrutores do curso de marcenaria dado pela Faperon aos moradores há duas semanas. Foi ideia dele a construção do playground de madeira para as crianças da vila, situado ao lado da escola comunitária.

Morador do local há oito anos, Valdenor construiu várias casas da vila, inclusive a que ele mora, bem em frente a uma serraria que ele também montou. A maioria da madeira que ele utiliza nas construções são de árvores que ele resgata da beira do rio, não necessitando desmatar para realizar grandes trabalhos artesanais em carpintaria. Sempre está à frente das empreitadas que exigem força de trabalho criativa dentro da comunidade.  “Gosto de ajudar e ver as coisas prosperarem. Faço isso de coração. Na Agrovila me reencontrei com a vida e devo tudo a ela e à comunidade que me acolheu”, relembra ele.

Valdenor diz que o que faz para a comunidade é apenas como forma de agradecimento. Antes de chegar à Agrovila, ele morava no distrito ribeirinho de São Carlos, onde tinha um bar e um restaurante. Ele perdeu tudo na grande enchente de 2014, do rio Madeira, e teve que ir embora do local, onde morou a vida inteira, em busca de uma nova oportunidade. “Quando subi esse barranco, algo me disse: é aqui o meu lugar. Aqui eu reiniciei minha vida, aqui eu prosperei e por aqui vou ficar até quando Deus quiser, sou muito grato a tudo”, diz Valdenor.

 Seu César, o ex-professor que virou agricultor e agora é empresário turístico

Antônio de Souza, 55 anos, conhecido como “César”, conhece como poucos a história da Agrovila Rio Verde, que ele e o pai, ajudaram a planejar e construí há quase três décadas. César é hoje um empresário turístico do local, dono da Pousada Sol Nascente e do restaurante do mesmo nome. O local é referência no roteiro turístico de quem chega ao local para desfrutar da beleza natural da região.

Mas, para se tornar um empresário, César passou por vários estágios: foi professor do Estado, e agricultor por vários anos, até que finalmente resolveu investir em algo que desse retorno, se transformando em empreendedor. Foi através de um curso de empreendedorismo do Sebrae que ele resolveu apostar, se tornando um microempreendedor individual, e tem colhido bons frutos desde então.

“Hoje eu dou emprego a seis pessoas e recebo clientes de municípios de Rondônia e de outros estados. A pousada já está pequena e vou precisar investir nos próximos meses. Se tivesse mais 40 quartos para alugar hoje, todos já estariam ocupados. Tem muita gente querendo conhecer o Rio Verde. Fiz a escolha certa e não tenho dúvidas que, em alguns anos, essa região será uma das mais prósperas do turismo rondoniense”, planeja.

Ele conta que a procura pela região se tornou maior após 2014, quando houve a grande cheia do Rio Madeira. “Muita gente desabrigada procurou terras mais altas para morar e viera parar aqui. Nessa época eu tinha uma outra pousada, mas era um pouco mais afastada. Alugava alguns quartos e percebi que os inquilinos queriam morar mais perto do rio. Foi aí que tive a ideia de vender a pousada e construir outra mais perto dos flutuantes”, lembra.

Pousada Sol Nascente

César disse que não se arrependeu de ter apostado na nova atividade financeira e agradece muito aos amigos que fez no Sebrae, no Conetur, na OCB, e outros parceiros que têm transformado o cotidiano da Agrovila Rio Verde para uma localidade mais turística. “Eu só tenho a agradecer a todos esses parceiros. Mudou muito a mentalidade da comunidade desde que o turismo passou a fazer parte da nossa vida diária. Hoje, a comunidade tem uma perspectiva de qualidade de vida muito melhor”, acrescentou.

Também participaram da feira do empreendedor os moradores Maria Betânia (Gellatos Frutas), João Bosco (Sorvetes), Conceição (Quentinhas da Moça), Maria Auxiliadora (Pães Caseiro), Carlos (Assadinhos do Dani), Sariela (Barraquinhas dos Belala), e Erika (Espetinhos).

São parceiros dessa ação o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac/IFPE, Prefeitura Municipal de Porto Velho, por meio da Secretaria de Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho (SEMDESTUR); Sistema de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE/RO; Governo do Estado de Rondônia, por meio da Secretaria de Turismo do Estado (SETUR); Associação Brasileira de Agências de Viagens de Rondônia (ABAV/RO), Associação de Jovens Empresários de Rondônia (AJE); Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia (FAPERON); e Sistema OCB/SESCOOP Rondônia.

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