Câmara de materiais de construção atua para o retorno do construcard

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) encaminhou ofício à Caixa Econômica Federal solicitando a participação de um representante da instituição na reunião da Câmara Brasileira de Materiais de Construção (CBMC) para debater o construcard, linha de crédito para que pessoas físicas possam construir ou reformar imóveis. Atualmente, essa modalidade está suspensa.

O tema voltou à pauta do colegiado durante reunião que aconteceu na sede da CNC, em Brasília. “Esse crédito é uma forma de aquecer o mercado e ajudar as pessoas a melhorar sua condição de moradia. Nosso segmento foi prejudicado lá atrás devido ao mau uso do cartão, e hoje estamos trabalhando para sensibilizar a Caixa da importância dessa retomada de forma consciente e monitorada”, enfatizou o coordenador da CBMC, José Wenceslau Júnior.

Membros da câmara também falaram sobre a possível utilização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para fins de reforma e construção, diferentemente de sua finalidade inicial que é o financiamento imobiliário. “O que a gente está vendo cada dia mais é a utilização desse fundo para outros fins, fora da habitação, como o saque-aniversário. Poderia se verificar a possibilidade de criar uma linha para a reforma, usando esses recursos do FGTS, assim o custo desse empréstimo seria muito mais reduzido. Esse poderia ser um custo para que o construcard se tornasse viável”, sugeriu Claudio Araújo de Lima, da Fecomércio-SP.

O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, explicou que qualquer mudança nessa regra de uso precisa de alteração na lei, como a utilização do saldo do FGTS para fins de reforma e material de construção. “Podemos produzir um estudo com estimativa dos impactos econômicos da liberação de um crédito extra, de uma fonte de recurso extra, para gasto com material de construção, ver quantos empregos seriam gerados, a atividade econômica, estado a estado, se os senhores entenderem como relevante”, avaliou.

Em relação ao construcard, suspenso desde 2021 por uma questão de inadimplência elevada, o economista destacou a importância de levar o pleito ao Ministério da Economia. “Uma linha de crédito específica para a construção civil vai ao encontro do interesse do próprio governo nesse tipo de atividade econômica, uma vez que já se posicionou a favor do PAC voltado para habitações populares”, completou.

Acompanhamento legislativo

O assessor da Diretoria de Relações Institucionais da CNC Felipe Miranda fez uma explanação sobre as principais pautas de interesse do segmento, dando destaque para a que trata da renegociação de créditos concedidos no âmbito do Pronampe. “O Desenrola para pessoa jurídica vem para trazer maior segurança jurídica às empresas e aos contratos vigentes, e a CNC vem trabalhando para dar essa segurança a seus representados”, afirmou.

Sobre o Projeto de Lei (PL) nº 6.005/2023, que  trata da regulação da comercialização de materiais de construção e da proteção do comércio varejista, o assessor explicou que está aguardando parecer do deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) na Comissão da Defesa do Consumidor. “O texto busca resguardar uma questão muito levantada nessa comissão, que é assegurar uma condição mais justa ao comércio, uma vez que, nesse segmento, os showrooms acabam servindo de vitrine para uma compra direta da indústria”, esclareceu. “Vamos trabalhar para que seja redistribuído em outras comissões”, concluiu.

Soluções educacionais

Durante a reunião, a gerente de Programas e Gestão Educacional do Departamento Nacional do Senac, Kelly Teixeira, falou sobre a criação, em âmbito nacional, do curso Técnico de Vendas, regulado pelo Ministério da Educação. Ela destacou a realização dos fóruns setoriais que permitem uma escuta ativa do mercado para entender as demandas de qualificação profissional do setor produtivo. “Nessas oportunidades, nós verificamos, de tudo o que é sinalizado, o que podemos transformar em atualização dos nossos portfólios”, ressaltou.

Kelly explicou que, no desdobramento de um desses fóruns, foi possível construir a ‘trilha do vendedor’ e daí, partindo também de uma sinalização da CBMC, buscar cursos mais rápidos para o mercado. “O (curso) Técnico em Vendas tem uma formação mais ampla e com duração de 800 horas. Então, a gente avaliou outras possibilidades, com informações mais ágeis. Esses outros cursos, como o de vendedor que faz parte da trilha, têm duração de 160 horas, durando em torno de quatro meses”, esclareceu.

Junto com essa formação, a proposta do Senac é preparar aperfeiçoamentos que qualifiquem os profissionais para habilitações específicas. “Vendas em alta performance, experiência de compra do cliente, marketing, relacionamento com o cliente e uma série de outras trilhas que vai compor a formação desse vendedor, é só procurar o Senac nos Estados”, concluiu Kelly.  Por fim, destacou que o Senac também desenvolveu uma websérie específica sobre qualidade no atendimento voltada para os profissionais do setor de material de construção.

Experiência no centro-oeste

O superintendente da Fecomércio-MT, Igor Cunha, compartilhou uma ação positiva que desenvolveu no Estado, referente à qualificação profissional. Em parceria com a Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção do Estado (Acomac), o Sindicado Varejista de Material de Construção de Mato Grosso (Sindcomac-MT) e o Senac Regional, a Fecomércio criou uma trilha de 16 horas para técnica de vendas básica e outra de 16 horas de atendimento de vendas, voltado para material de construção.

 “Quem está no mercado acaba não fazendo um curso longo, de 800 horas; então, essa experiência trouxe muitos profissionais para reciclagem, pelo tempo reduzido, e outros novos, que queriam trabalhar no setor, mas ainda não atuavam no mercado, para se qualificar e passar a trabalhar nas lojas de material de construção, uma vez que temos falta de mão de obra no mercado”, informou. O diferencial dos cursos foi a parte prática como trainee nas lojas físicas, no Estado. “Procuramos os empresários parceiros, e foi um sucesso!”

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